THE DOUBLE´S: novembro 2010

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

"Nunca pensei que um pequenino grão
de trigo fosse capaz de produzir uma seara inteira… foi a sensação com que
fiquei ao contactar com a realidade do povo da Guiné. Do pouco que lhes demos,
recebemos em troca um mundo de sorrisos, de abraços, mas também de resignação,
se sofrimento mas, principalmente, um mundo de afectos.

Trabalhamos com afinco, no “duro”,
para amenizar um pouco as carências dessa gente que parece estar esquecida, que
vive na ignorância, não sabe o que é o conforto, e o que é um hospital ou um
centro de saúde a “sério”, pois ali tudo parece ser improvisado; para além
disso, o que consideramos como básico no nosso país. seja uma mesa de escola,
giz, cadernos, etc., também são coisas que desconhecem, para não falar de algo
que é essencial à sobrevivência: a refeição pontual, a água para beber ou tomar
banho.

Um sentimento invadiu-nos de
imediato, não de pena, mas de revolta, porquê? Por que é que a este povo lhe é
negada uma vida minimamente digna, onde parece não haver um futuro promissor para
cada criança que nasce? Por outro lado, também sentimos felicidade com o
sorriso que nos davam quando lhes oferecíamos uma simples bolacha “Maria”;
primeiro eram desconfiados, mas a medo lá foram aceitando, pois até esta
simples bolacha lhes era desconhecida, e no final serviu de elo para nos ajudar
a comunicar com mais confiança. A partir daí já vinham à nossa procura à
procura da “Bolacha” que, muitas vezes,
era a única refeição doa dia!

Tanta miséria! Tantas carências!
Tanta ignorância! Mas que beleza! Que sorrisos, sinceros. Quantos carinhos
recebemos!

Que maravilhosa foi a nossa
passagem pela Guiné! Agradecidos estamos por termos tido a oportunidade de
poder descarregar um contentor com tudo o que levamos, entregar pessoalmente,
de fazer o rastreio visual, de construir um bloco operatório, de pregar,
pintar, fazer um penso numa ferida infectada, dar um copo de leite àquela
criança doente e com fome. Realmente trouxemos a nossa bagagem cheia de riqueza,
fomos bem pagos por um serviço que fizemos de modo voluntário e desinteressado.

No final da nossa missão, o que
melhor expressa o que sentimos está nuns simples versos que Raul Indipo do Duo “Ouro
Negro” cantava: “Vou levar-te comigo meu irmão”, pois todos eles trouxemos no
nosso coração, no nosso pensamento. Até breve!

22/08 a 07/09/ 2010

Jacinta Magalhães